segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Em defesa de Marina Silva

Pop-up do site da candidata
     É com certo pesar que admito visualizar, com precisão ‘semicirúrgica’, as notícias que ocuparão os portais da internet em 03 de outubro (e os jornais do dia seguinte): “Dilma é a nova presidente da República”; “Dilma é eleita com mais de 50% dos votos válidos”; “Dilma isso”; “Dilma aquilo” e por aí vai. Dilma também será alvo de chargistas, capa da VEJA da semana posterior e, muito provavelmente, figurará nos trending topics do Twitter. Não tenho dúvida de que só vai dar ela como as pesquisas de intenção de voto já indicam.
     A cada nova pesquisa divulgada, alguns pontos percentuais se somam ao índice de Dilma, a poeira que José Serra fica a comer aumenta e Marina Silva se atola mais no brejo da dianteira. Sou descrente em relação a uma mudança revolucionária capaz de alterar o rumo dessas eleições, mas ainda assim acredito que a candidata do PV mereça algumas linhas deste blog e 5 minutos da sua atenção.
     Graças à justíssima distribuição do tempo do horário eleitoral televisionado de acordo com as coligações partidárias, Marina tem 1’23’’ para dizer a que veio enquanto Serra possui 7’ e Dilma 10’. E nesses 83 segundos que ela dispõe, fica quase impossível se apresentar de maneira adequada para ganhar eleitores.
     O primeiro programa se resumiu a imagens que pareciam ter saído de um documentário do National Geographic (como muitos internautas apontaram em redes sociais) e a voz chata da candidata em off relatando os problemas ambientais que enfrentaremos no futuro. Mais crítico do que o tempo curto foi a “alocalidade” das imagens utilizadas. Uma associação essencial entre o que o espectador assistiu e a realidade em que vive deveria ser feita para que ele compreendesse e criasse empatia por Marina e as causas que defende. Faltou aproximação na forma de retratos: da seca no Nordeste, das enchentes nas capitais brasileiras, dos termômetros dos centros urbanos marcando temperaturas elevadas...
     Embora o programa de Marina tenha pecado, quem errou mesmo foi Serra com um filme onde tudo soou corrido e forçado – o tom populista, a favela cenográfica etc. O grande acerto (infelizmente, diga-se de passagem) ficou por conta do programa de Dilma, minuciosamente pensado para convencer o menos vulnerável dos eleitores. Através de um formato quase documental, a construção de sua imagem é perfeita: o narrador em terceira pessoa transmite credibilidade, a conexão com Lula é sutil na medida certa e a trilha sonora é ‘messiânica’. Se não tivesse ‘pré-conceitos’, confesso que compraria facilmente o seu discurso.
     Apesar das ressalvas, não subestimo Marina. Com apenas um décimo do tempo de Dilma e um sétimo do tempo de Serra, seu eleitorado corresponde a 20% do total de Dilma e 35% do total de Serra. Por protesto contra a devastação do meio ambiente – cuja situação beira a irreversibilidade – e a favor do desenvolvimento sustentável, meu voto é dela.

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