terça-feira, 16 de novembro de 2010

Tiremos o chapéu para Padilha!

     Não pensava em retomar o assunto ‘Tropa de Elite’ tão cedo. No entanto, fui surpreendido pelos números recém divulgados do último final de semana e não pude ignorá-los.
     Capitão Nascimento ultrapassou a barreira dos 9 milhões de espectadores e já acumula 9.635.294 milhões de pagantes. Trata-se do longa mais visto nas duas últimas décadas no país, a frente dos fenômenos ‘Avatar’ e ‘A Era do Gelo 3’. E graças a esses números exorbitantes, 2010 é o novo ano do cinema nacional. O publico de filmes nacionais soma 22.3 milhões e bateu o recorde de 2003, quando o publico foi de 22 milhões (levemos em conta que ainda falta 1 mês e meio para o ano chegar ao fim!).
     Em seu sexto fim de semana, ‘Tropa’ ainda ocupa o primeiro lugar do ranking de bilheteria e teve a excelente média de 628 espectadores por sala – excelente porque é uma média muito superior à usual dos filmes que estão com esse mesmo tempo em cartaz.
    Alcançar a marca de ‘Dona Flor e Seus Dois Maridos’ tornou-se um sonho possível. Vida longa a Tropa de José Padilha e que 2010 não seja um mero ponto fora da curva!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Tropa de recordes

O Honda Fit prestes a ser invalidado
     Após o surgimento de algumas teias por aqui, nada mais justo do que dar um novo pontapé falando do filme de maior bilheteria em 2010. Ele acabou de assumir a ponta do ranking com cifras astronômicas e os produtores calculam que o Capitão Nascimento se despedirá dos cinemas com 98 milhões de reais nos bolsos. No que diz respeito à público, será o segundo longa nacional mais visto da História – a missão de ultrapassar os 10.7 milhões de espectadores de ‘Dona Flor e Seus Dois Maridos’ será osso duro de roer. 
     Até o momento, sem os números do último fim de semana divulgados, ‘Tropa de Elite: O Inimigo agora é Outro’ contabiliza 8.7 milhões de ingressos vendidos e 82.4 milhões de reais em renda. Trata-se de um recorde de bilheteria da Retomada (período que se iniciou nos anos 90, quando o cinema brasileiro voltou a engrenar com o fim da Embrafilme, e perdura até hoje). ‘Tropa’ coleciona ainda outros recordes, dentre os quais destaco o melhor fim de semana de abertura de 2010 com 1.25 milhão de espectadores e o fato inédito de 56% do parque exibidor do país ter sido ocupado por longas nacionais na semana do dia 11 de outubro – o filme de José Padilha contribuiu ao estar em cartaz em mais de 700 salas.
     Foi com muita satisfação que li tais notícias, não apenas por se tratar de um filme brasileiro com méritos grandiosos, mas, principalmente, por ter a certeza de que alguns milhões de cidadãos atentaram para a política(gem) e não se deixarão enganar facilmente pela banda podre que toca nosso país. Por motivo semelhante, nas semanas seguintes à estréia, tornei o acesso ao Ingresso.com uma prática quase que diária e constatei diversas sessões lotadas em segundas, terças, quartas, quintas...
     Tamanho sucesso é justificável. Padilha conseguiu fazer uma continuação (muito) superior ao original e nos entrega – com o perdão do termo – um puta filme, onde tudo parece ter sido minuciosamente pensado e realizado com perfeição. Prova disso é a tomada área sobre Brasília, que segundo o diretor durante um debate promovido pela Folha de São Paulo, ele perturbou o piloto do helicóptero para sobrevoar abaixo da altura permitida a fim de capturar o ângulo desejado e 5 minutos depois recebeu um telefonema da Segurança do Planalto.
     O roteiro, por sua vez, tem como foco a formação das milícias no Rio de Janeiro e a tentativa do Capitão Nascimento, promovido a subsecretário de Segurança Pública do estado, de combater esse poder paralelo. Por mais complexa que seja a trama (dividida em vários núcleos), Bráulio Mantovani e Padilha não deixam uma única agulha fora do lugar e injetam adrenalina no espectador. A melhor parte fica por conta da seqüência final (Brasília – hospital – Assembléia Legislativa) e a música que entra na subida dos créditos. Simplesmente apoteótico.
     Assistir à ‘Tropa de Elite – O inimigo agora é outro’ é, no mínimo, 'desesperançoso', no entanto dá vontade de rever 10 vezes, aplaudir de pé e implorar por continuação.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

DisCOVEr

     Aos sete anos, fui ao Sea World pela primeira vez. Me recordo de ter ficado embasbacado com os shows de golfinhos, de leões-marinhos, de baleias e tudo o mais. Voltei duas ou três vezes, sempre impressionado com as acrobacias daqueles animais. Nunca tive distanciamento emocional o suficiente para deixar que o meu pensamento viajasse para além dos tanques que eles habitam. Acreditava que, por viverem com semelhantes e alimentados a todo o tempo, eram felizes.
     No último dia 30, essa ilusão infantil ruiu em 90 minutos.
     Estávamos eu e 49 cinéfilos (não há outra denominação para aqueles que vão assistir um documentário do Festival do Rio às 12h de uma quinta-feira) na sala 1 do Estação Botafogo aguardando o início de ‘The Cove’ de Louie Psihoyos, quando, devido a problemas com o áudio, o cancelamento da sessão foi anunciado. A fúria do grupo heterogêneo aflorou e, logo, o rolo de película foi levado para outra sala. Um cubículo de onde sairíamos vazios e com os olhos inchados.
     Psihoyos acompanha a trajetória ativista de Richard O’Barry na tentativa de denunciar o massacre de 23 mil golfinhos que ocorre anualmente numa pequena cidade costeira do Japão, Taiji. Ric foi um dos treinadores dos golfinhos que faziam a série Flipper nos anos 60 e trabalhou durante muito tempo no aquário de Miami. Após o suicídio de uma das fêmeas do seriado, Cathy (o animal submergiu e não voltou mais à superfície para respirar), ele parou para refletir se valia à pena levar uma vida endinheirada ao custo do aprisionamento de tais mamíferos.
     A partir de então, Ric iniciou uma jornada incansável para expor os absurdos que acontecem em Taiji e salvar a vida dos golfinhos. Vale ressaltar que a montagem do longa tem um ritmo que não deixa a desejar em nada as seqüências de ação dos blockbusters. E o vencedor do Oscar de melhor documentário em 2009 envolve, emociona e mostra aquilo que ninguém gostaria de ver: golfinhos sendo apunhalados por lanças e um mar tomado por sangue.
     Saí de lá diminuído como ser humano, e tenho a certeza de que os demais presentes também.

sábado, 25 de setembro de 2010

E você, tá feliz com a volta do Jabor?


Arnaldo Jabor no 'palco' do Odeon
     'Está cada vez mais caótico o trânsito do Rio de Janeiro...’. Infelizmente, quinta-feira à noite não era um bom dia para fazer esta constatação. Estava percorrendo a cidade de cabo a rabo (leia-se Barra e Centro, respectivamente) para chegar a tempo de assistir ‘A Suprema Felicidade’ no Odeon, marcado para às 20h30. A missão foi cumprida em exatos 120 minutos e estacionei o carro às 21h sobre uma faixa de travessia de pedestres sem pensar muito nas chances que ele teria de ser rebocado. O flanelinha, de olho na sua comissão, disse que tava ‘tranquilão’.
     Pela primeira vez, fiquei feliz por um evento não começar pontualmente em terras tupiniquins. Porém, o lugar já estava lotado e o burburinho calava a música ambiente. Os poucos assentos livres eram guardados para amigos retardatários. Subi para o andar de cima na esperança de encontrar uma poltrona solitária à minha espera. Doce ilusão. Até o ‘poleiro’ – fileira mais alta onde o ar condicionado mal chega e a visão da tela é prejudicada – estava tomado. Não restou alternativa que não me acomodar em um degrau e aguardar o início da cerimônia.
     Eram 21h30 quando Milton Gonçalves subiu ao ‘palco’, discursou e declarou aberto o 11º Festival do Rio. Mais algumas pessoas (diretora do Oi Futuro, diretora de comunicação da Petrobrás entre outras) fizeram agradecimentos até Ilda Santiago, uma das organizadoras do Festival, chamar Arnaldo Jabor e elenco para apresentarem o filme da noite. Suas belas palavras foram mais ou menos assim: “Eu cresci assistindo os filmes do Jabor e eu me sinto até meio criança aqui. E eu gostaria de dizer que ‘A Suprema Felicidade’ é nossa aqui hoje”.
     Concordo com Ilda que a felicidade era nossa ali, mas não posso afirmar, depois de ter visto o filme, que era suprema. O longa de Jabor é superlativo em quesitos como o roteiro não-linear, a montagem ousada e a trilha sonora regada a samba. Porém, em minha humilde opinião, algumas falhas o comprometem. Falta química entre Mariana Lima e Dan Stulbach, mesmo levando em consideração que se trata de um casal em crime e, uma vez que a história se desenrola nos anos 30 e 40, a imagem limpa demais carece de um filtro, uma granulação que marque isso.
     A trama acompanha as  memórias da infância e adolescência do menino Paulo, o declínio do casamento de seus pais e a conseqüente aproximação com o avô (Marco Nanini numa atuação brilhante, apesar de ter sua imagem muito marcada pelo Lineu de ‘A grande família’). Este junto com Paulo (neste momento do filme, o convincente Caio Manhente) fazem a cena mais bonita quando saem para ver as estrelas e conversam sobre o infinito. Elke Maravilha e João Miguel estão ótimos como a avó de Paulo e o pipoqueiro safado da rua, e Tammy Di Calafiori surpreende como a dançarina de cabaré por quem o protagonista se apaixona.
     O maior mérito de Jabor e seu longa é despertar saudade no espectador. Saudade daquilo que não viveu, de um Rio que não conheceu. Saudade de memórias que não lhe pertencem, mas foram compartilhadas durante a sessão.


OBS: Agora, 20:20, posso abrir o Segundo Caderno do jornal de hoje para ler as duas matérias publicadas a respeito do filme que optei por ignorar mais cedo para não me deixar influenciar!


quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Expectativa


     Sou adepto da teoria de Schopenhauer que diz que o ser humano é movido pelo desejo, que quando suprido se transforma em tédio, que, por sua vez, perdura até surgir um novo desejo e assim se forma um ciclo vicioso inerente ao homem. Com o filósofo, a palavra: “A vida oscila, portanto, como um pêndulo, da direita para a esquerda, do sofrimento ao tédio”.
     A priori, a história soa um tanto quanto dramática. Mas, vamos à ‘prática’...
     A partir dessa necessidade de estar c onstantemente na expectativa de alguma coisa e movido pela cinefilia, resolvi fazer uma seleção de 10 filmes (dentre os 95 previstos para estrear até 31 de dezembro – segundo o site especializado FilmeB) que devem ser esperados em maior ou menor grau de ansiedade pelos parentes do fantasma camarada.
     Foram quase duas semanas de análise que somam mais de 70 trailers assistidos e 30 sinopses lidas para entregar aos ‘leitores transparentes’ a lista abaixo. Obviamente há mais de 10 promessas, logo foram feitas menções honrosas ao fim do post.

10) O Mágico (03 de dezembro) – Uma animação francesa feita nos moldes tradicionais e dirigida por Sylvain Chomet (do cativante ‘As Bicicletas de Belleville’) que tem tudo para agradar aos 'cults'.

9) Atração perigosa (26 de novembro) – O longa de ação caiu de pára-quedas na lista após ter aberto em 1º lugar nas bilheterias americanas com mais de USD 20 milhões e a crítica cogitar uma possível indicação de Ben Affleck ao Oscar de melhor direção. 

8) O Garoto de Liverpool (01 de outubro) – Um drama/musical que narra o surgimento dos Beatles sob o ponto de vista do personagem de John Lennon. Prato cheio para os fãs da banda inglesa.

7) A suprema felicidade (29 de outubro)  Não sou da geração que vivenciou a fase áurea do Arnaldo Jabor como cineasta, mas confio na opinião geral de que o cara promete voltando à ativa após 23 anos. 

6) Enterrado Vivo (03 de dezembro) – Como o título já adianta, um cara é enterrado vivo e só dispõe de um celular e um isqueiro para tentar se salvar. Promessa de tensão e claustrofobia do início ao fim.

5) Tropa de Elite 2 (08 de outubro) – O trailer não é nem de longe tão empolgante quando o do 1º filme, mas é a continuação de um dos melhores filmes nacionais já feitos e tem Wagner Moura na pele do lendário osso duro de roer Capitão Nascimento.

4) Minhas Mães e Meu Pai (12 de novembro) – Uma comédia sincera e original sobre o filho de um casal de lésbicas – Julianne Moore e Annette Bening – que foi concebido através de inseminação artificial e decide ir atrás de seu pai. Destaque para a cena hilária do trailer em que o personagem de Mark Ruffalo, ao saber que é pai, diz meio constrangido para a filha no celular: “Cool.. I love lesbians!”.

3) A árvore (05 de novembro) – Exibido na Mostra Não-Competitiva em Cannes, o drama emocionante conta a história de uma mulher que perde o marido repentinamente e tem que cuidar dos quatro filhos. Um deles, interpretado pela encantadora Morgana Davies, acredita que o pai está vivo na figueira em frente a sua casa. “Well I have a choice to be happy or sad. And I chose to be happy. And I am happy.” – ela diz para uma amiga.

2) Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1 (19 de novembro)  É o início da saga final mais esperada de todos os tempos. Precisa de mais?

1) A Rede Social (03 de dezembro) – Assista ao trailer e entenda o porquê dele estar aqui: http://www.youtube.com/watch?v=lB95KLmpLR4. Como aperitivo, fica o tagline: “You don’t get to know 500 million friends without making a few enemies”.


Fique de olho:
– Julia Roberts ressurge como carro-chefe de um longa na adaptação do best-seller homônimo ‘Comer Rezar Amar’ (01 de outubro);
– Zach Galifianakis encara um papel bem semelhante ao de ‘Se Beber Não Case’ em 'Um parto de viagem' (05 de novembro), o que já faz valer o ingresso. De quebra, tem Robert Downey Jr. desobstruindo a sua veia cômica;

– Com potencial para ser um hit independente, a trama de 'The Good Heart' (19 de novembro) gira em torno da improvável amizade entre um rabugento e cardíaco dono de bar e um jovem sem teto interpretados por Brian Cox e Paul Dano, respectivamente;
– O impagável  Jonah Hill é o protagonista da comédia ‘O Pior Trabalho do Mundo’ (15 de outubro), que fez U$ 60 milhões nas bilheterias americanas;
– Robert DeNiro é um agente de condicional que não resiste às investidas da mulher de um detento (a julgar pelos 2’30” de trailer, muito bem) vivido por Edward Norton em 'Stone' (05 de novembro);
- Andrucha Waddington dirige o drama de época espanhol 'Lope' (26 de novembro), que encerra o Festival do Rio e é um dos finalistas da Espanha para concorrer a uma vaga na disputa do Oscar de melhor filme estrangeiro.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Em defesa de Marina Silva

Pop-up do site da candidata
     É com certo pesar que admito visualizar, com precisão ‘semicirúrgica’, as notícias que ocuparão os portais da internet em 03 de outubro (e os jornais do dia seguinte): “Dilma é a nova presidente da República”; “Dilma é eleita com mais de 50% dos votos válidos”; “Dilma isso”; “Dilma aquilo” e por aí vai. Dilma também será alvo de chargistas, capa da VEJA da semana posterior e, muito provavelmente, figurará nos trending topics do Twitter. Não tenho dúvida de que só vai dar ela como as pesquisas de intenção de voto já indicam.
     A cada nova pesquisa divulgada, alguns pontos percentuais se somam ao índice de Dilma, a poeira que José Serra fica a comer aumenta e Marina Silva se atola mais no brejo da dianteira. Sou descrente em relação a uma mudança revolucionária capaz de alterar o rumo dessas eleições, mas ainda assim acredito que a candidata do PV mereça algumas linhas deste blog e 5 minutos da sua atenção.
     Graças à justíssima distribuição do tempo do horário eleitoral televisionado de acordo com as coligações partidárias, Marina tem 1’23’’ para dizer a que veio enquanto Serra possui 7’ e Dilma 10’. E nesses 83 segundos que ela dispõe, fica quase impossível se apresentar de maneira adequada para ganhar eleitores.
     O primeiro programa se resumiu a imagens que pareciam ter saído de um documentário do National Geographic (como muitos internautas apontaram em redes sociais) e a voz chata da candidata em off relatando os problemas ambientais que enfrentaremos no futuro. Mais crítico do que o tempo curto foi a “alocalidade” das imagens utilizadas. Uma associação essencial entre o que o espectador assistiu e a realidade em que vive deveria ser feita para que ele compreendesse e criasse empatia por Marina e as causas que defende. Faltou aproximação na forma de retratos: da seca no Nordeste, das enchentes nas capitais brasileiras, dos termômetros dos centros urbanos marcando temperaturas elevadas...
     Embora o programa de Marina tenha pecado, quem errou mesmo foi Serra com um filme onde tudo soou corrido e forçado – o tom populista, a favela cenográfica etc. O grande acerto (infelizmente, diga-se de passagem) ficou por conta do programa de Dilma, minuciosamente pensado para convencer o menos vulnerável dos eleitores. Através de um formato quase documental, a construção de sua imagem é perfeita: o narrador em terceira pessoa transmite credibilidade, a conexão com Lula é sutil na medida certa e a trilha sonora é ‘messiânica’. Se não tivesse ‘pré-conceitos’, confesso que compraria facilmente o seu discurso.
     Apesar das ressalvas, não subestimo Marina. Com apenas um décimo do tempo de Dilma e um sétimo do tempo de Serra, seu eleitorado corresponde a 20% do total de Dilma e 35% do total de Serra. Por protesto contra a devastação do meio ambiente – cuja situação beira a irreversibilidade – e a favor do desenvolvimento sustentável, meu voto é dela.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Como diz Galvão Bueno: "Haja coração!"

Leandrinho tenta arranjar espaço para arremesso
    Devido ao jogo eletrizante, emocionante e mais algum “ante” de sua escolha contra a Eslovênia, me senti na obrigação de escrever sobre a seleção masculina de basquete. Para os leitores imaginários alienados, o Brasil está disputando o Campeonato Mundial em Istambul e amanhã, às 15h30 de Brasília, entra em quadra contra a Croácia. É a última partida da 1ª fase e só o triunfo interessa para garantir a classificação em 3o lugar do grupo.
    No jogo de hoje, a situação parecia irreversível ao fim do terceiro quarto, quando a seleção perdia por uma diferença de 15 pontos. Mas, nos 10 minutos finais, os jogadores tiraram garra sabe-se lá de onde e reagiram de maneira surpreendente, fazendo a diferença chegar a dois pontos. Infelizmente, não deu. A vitória escapou por três míseros pontos (BRA 77 X 80 ESL). E a partir da análise dos dados, constatamos que o principal adversário do Brasil foi ele mesmo, ao cometer erros bobos no ataque e acertar apenas 15 dos 23 lances livres que teve direito.
     Contra os EUA, no dia 30, a derrota também se deu por diferença ínfima – dois pontos. Apesar disso, na segunda-feira, a equipe de Magnano não se deixou abater, jogou de igual para igual o tempo todo e esteve à frente no placar até o intervalo. Portanto, deixo aqui registrado a minha torcida: que o Brasil vença a Croácia, se classifique para a fase final e lute até o fim.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A Origem (do Blog)



Sonho ou realidade?
     Este blog já teve chances de ganhar ‘vida’ algumas vezes, mas sempre faltou um impulso, uma intervenção divina, um motivo de força maior... Até que no domingo, dia 08 de agosto, fui assistir à ‘A Origem’ e decidi que criaria um blog para escrever, entre outras coisas, críticas de cinema, e neste caso específico, manifestar uma certa raiva que o longa despertou em mim. (Para os leitores imaginários que desconhecem o fato, sou um grande fã de todo e qualquer gênero cinematográfico!).
     Apesar do estímulo, na segunda-feira estive ocupado o suficiente no estágio para desistir da ideia. Na terça, entrei em um link do site do jornal O Globo para o blog do Artur Xexéo e vi que o cronista recebeu um batalhão de comentários indignados porque havia criticado negativamente o longa de Nolan. Na quarta ou na quinta, foi a vez da colunista Barbara Gancia da Folha de São Paulo tomar uma surra por motivo semelhante.*
     A partir daí, parei para pensar se deveria mesmo expor o meu rancor em relação à Inception. Logo, vocês, queridos fantasmas, se perguntam que fama julgo ter para achar que repercutiria da mesma maneira a partir de um único e mísero post. E vocês estão certos: nenhuma, nula, zero! Mas, como diz a propaganda de seguros do Bradesco: “– Vai que...”
     Nos dias que seguiram, a falta de tempo e inspiração se alternaram, impedindo que eu desse continuidade ao ‘projeto’. Isso fez com que, aos poucos, eu digerisse e refletisse melhor a respeito do filme. Eis que hoje, o rascunho finalmente deixa de ser um simples documento de Word e o post se torna um tributo retardatário – e, portanto, um pouco reiterativo em relação a tudo o que já foi publicado sobre o filme até o momento – a Christopher Nolan e sua trupe sonhadora. Afinal, o Cara, como muitos críticos apontaram, soube fazer um blockbuster inteligente com maestria (apesar de um pequeno deslize, o roteiro é original e criativo, retira o espectador do estado de inércia e não se rende a um amontoado de perseguições desenfreadas injustificadas). Coisa rara hoje em dia.
     Como metade da população já ouviu ou leu por aí, a trama gira em torno de Mr. Cobb (Leonardo DiCaprio, provando que a maldição do Oscar não vale para todos e que 2010, até o momento, é dele), um ladrão capaz de penetrar nos sonhos das pessoas e roubar segredos valiosos. Disposto a rever seus filhos, ele aceita uma difícil e última tarefa, que consiste em implantar uma ideia na mente do herdeiro de um conglomerado (vivido por Cilian Murphy) – o inverso àquilo que Cobb está habituado a fazer. Embora o diretor não abra mão do clichê da ‘última missão antes da aposentadoria’, esta quase passa desapercebida diante do que ele nos entrega na telona: um elenco afiado, uma trilha sonora instigante, uma montagem tensa e efeitos especiais surpreendentes. As cenas finais que transitam entre os diferentes níveis dos sonhos são sensacionais. Destaque também para as cenas impressionantemente benfeitas em que Paris dobra sobre si mesma e em que o personagem de Joseph Gordon-Levitt luta no corredor de um 'prédio que está caindo'.
     Ao mencionar tais cenas, assume-se que a verossimilhança não é uma característica prezada por Inception. Mas quem se importa? Quem vai ao cinema para ser entretido pela realidade que nos cerca e, muitas vezes, nos aborrece? O filme é perfeitamente coerente com o universo em que se passa. Além disso, o segredo de qualquer ida ao cinema é a predisposição para se deixar levar. E não há blockbuster em cartaz atualmente que nos embarque numa viagem melhor do que ‘A Origem’. Por isso, compre o ingresso, se afogue na pipoca e curta uma excelente jornada!


*Moral da história: Artur Xexéo busca um filme transcendental, que faça o seu cérebro ferver como conseqüência de reflexão em demasia (ele reclamou que não entendeu aquilo que não tem que ser entendido e como ele próprio concluiu, trata-se de apenas um filme de ação) e Barbara Gancia deve se candidatar em breve à prestação de consultoria para roteiros (ela questionou o proposital não-comprometimento de Inception com a realidade).